quarta-feira, 22 de abril de 2009

E DESACORDOS......

"Tenho defendido junto dos poucos amigos que se interessam por este tema, que este acordo para mim faz o sentido duma revisão periódica. Quero dizer com isto que enquanto a língua fôr considerada a mesma, o português. parece-me evidente que devem haver caraterísticas comuns, pelas quais a língua deverá ser identificada e caraterizada!
Assim, ao invés de ser considerado um espartilho ao desenvolvimento das formas de expressão locais, estes acordos,( talvez não este específicamente, pois pode ter tido propósitos diferentes) enquanto a vontade política de utilização de língua comum se mantiver, devem expressar reciclagens e atualizações periódicas e refletir uma base mínima de caraterização própria!
E só...."

segunda-feira, 20 de abril de 2009

ACORDOS.......


João Soares Neto – Escsritor – Matéria publicada na seção OPINIÃO – IDÉIAS – DIARIO DO NORDESTE – 19.04.2009

 

Não sou dos que fazem muita fé no acordo ortográfico entre países de língua portuguesa. Não acredito que trema, hífen, acento etc. sejam a solução para as nossas diferenças no falar e no escrever. Somos 190 milhões de brasileiros. Os do Sul do país falam com sotaques e vocabulários diferentes dos do Nordeste e do Norte. Os do Centro-Oeste têm peculiaridades que os do leste não compreendem. Imaginem os outros países lusofônicos, com diferenças nítidas na comunicação. O Português em África é distinto do falado em Portugal. Essas regras são uma tentativa para dar identidade ortográfica ao Brasil, Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique e Timor Leste. Eles somam 30 milhões de pessoas. Fique claro que não sou lingüista (se escreve com trema ou sem trema?), mas leitor compulsivo. Agora mesmo, estive lendo o livro alemão ´Neblina sobre Mannheim´ traduzido, em Portugal, por Fátima Freire Andrade. Cito exemplos de textos e palavras com significados distintos para portugueses e brasileiros.

Vejam: sobre um percurso de carro que ´foi feito em pára-arranca, e eu teria gostado de ter três pés para embraiar, travar e acelerar´. O que foi dito? Que um carro aumentava e diminuía a velocidade (pára-arranca), usando-se a embreagem (embraiagem), travando (freando) e acelerando. ´Agarrei na mão do miúdo´, segurei a mão do menino. ´Berma´ expressa acostamento. ´Era patusco de se ver´ é engraçado de se ver. ´Empregados e empregadas de mesa´ são garçons. ´Uma balda às aulas´ é gazetear, faltar às aulas. Estudantes portam ´badamecos´, que são pastas ou bolsas. O ´urinol´ não é o de antigo uso, mas o mictório público. ´Descapotável´ é o carro conversível. ´Comboio´ é trem e ´autocarro´ é ônibus que tem bicha (fila). Maria ´está a me fazer olhinhos´, está a piscar os olhos para mim. ´Isco´ é isca de peixe. Português não usa paletó, usa ´fato´, que pode estar na ´montra´ (vitrina).

Enfim, ortografia não disciplina linguagem. Vou parar por aqui, certo de que vocês estão confusos, mas não estão sós.

Também estou. Pois, pois.
 

JOÃO SOARES NETO - Escritor


Por solicitação de vários leitores, reproduzimos esta " pérola", de reconhecido autor local!

Lembramos que esta posição é pessoal, parece se dirigir únicamente "aos países de língua portuguesa", que é evidentemente o que está em causa! A bem das sagradas autonomias, cada um que se governe...

Não guarde só para si a sua opinião!

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